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Emil Cioran e Fernando Savater (1990)

Fernando Savater: Cioran, nunca tinhas falado antes publicamente acerca da situação na Roménia. Mas agora fizeste varias declarações sobre os últimos acontecimentos no teu país natal. Porquê?
Emil Cioran: Não podia fazê-las, compreenda. Tenho lá família, o meu próprio irmão. Em contrapartida, eu estava aqui, em Paris, refugiado… Mas há uns meses estava numa refeição e falava-se dos acontecimentos na Hungria, na Polónia, na Checoslováquia, em todos esses países. Um tipo muito insolente perguntou-me: “E da Roménia, o quê?” Disse-lhe: “não quero dizer nada”. O tipo ficou furioso e eu no fundo compreendi-o, porque também sentia raiva. Então decidi escrever um artigo contra os romenos. Intitulá-lo-ia: "O nada Valaca”. Quando estava a ponto de o escrever, ocorreram todos os sucessos da Roménia. Confesso que senti um certo entusiasmo: era a primeira vez que os romenos despertavam nos últimos cinquenta anos!
Fernando Savater: E o que opina da situação atual?
Emil Cioran: Como não fui lá, não tenho um contato direto com a presente realidade. Há pouco tempo, vieram uns jovens ver-me, em torno dos vinte anos, e causaram-me uma boa impressão pelo seu nível intelectual. Pelo que sei, os jovens são a única realidade da Roménia. Enquanto os demais, os velhos, a situação política… Não tenho boa opinião. Não houve, aparentemente, uma verdadeira mudança após a queda de Ceauşescu. As coisas continuam muito parecidas, salvo num ponto importante: agora há liberdade de expressão, pode-se criticar o governo, etc. É a única novidade realmente positiva. De resto, os intelectuais estão muito decepcionados. Vejo que todos que vêm de lá a Paris querem ficar em França, o que, compreenderás, não é possível. Imagina-se que no ocidente todos os problemas estão resolvidos…
Fernando Savater: Falemos um pouco da nova Europa que se está a gerar. Por exemplo, a união da Alemanha. Trata-se de uma esperança ou de uma ameaça?
Emil Cioran: Rotundamente, não é uma ameaça. Já sei que muitas pessoas veem essa união com medo, sobretudo na França, mas a minha opinião é que se equivocaram. Não há perigo na Alemanha porque os alemães finalmente compreenderam. Fez falta um monstro como Hitler para que aprendessem a lição, mas isso já é um feito, e não creio que possa haver volta atrás.
Fernando Savater: Também preocupa hoje a ascensão do racismo e da xenofobia.
Emil Cioran: Olhe, a realidade é que a França, por exemplo, se sente invadida. Há tempos atrevi-me a fazer uma profecia: disse que dentro de cinquenta anos a catedral de Notre-Dame seria uma mesquita. Há pouco um homem, político importante, comentou-me que eu era um otimista, que seria convertida em mesquita muito antes… Como sabes, sou apátrida, uma condição que convive bem com as minhas ideias. Todos os anos devo ir renovar os meus papéis num escritório situado num bairro periférico de Paris, é um processo rápido e simples. Este ano encontrei filas enormes de árabes, negros e gente de todas as partes. Havia muita polícia, brigas, etc. São coisas que certamente criam um mal-estar. Naturalmente, este mal-estar é logo aproveitado pela extrema direita; todavia, para além da direita ou da esquerda, o problema subsiste. Nota-se uma sensação de impotência e ninguém é capaz de ver uma saída. A realidade é que na França, como no resto da Europa ocidental, já ninguém se quer dedicar a trabalhos manuais e por isso tiveram de recorrer às pessoas de fora. Mas uma civilização está perdida quando renuncia ao trabalho manual. Na minha juventude li muito Spengler, que agora já ninguém cita. Claro, as suas opiniões políticas eram muito suspeitas, mas creio que o seu diagnóstico era fundamentalmente justo, embora estivesse muito condicionado pela decadência da Alemanha da sua época. A nossa civilização está cansada… Por mim, sigo este assunto com autêntica fascinação. Afinal de contas, não é dada a todos a oportunidade de presenciar uma decadência!
Fernando Savater: Citaste Spengler, uma antiga leitura. Pergunto-me o que lês agora. Obras novas, ou melhor dedicas-te à releitura?
Emil Cioran: Agora leio com maior liberdade do que antes, porque renunciei a escrever. Já não tenho nenhum projeto, de modo que posso ler o que me agrada, coisas que se me haviam acumulado durante anos na biblioteca. Por exemplo, um estudo em quatro volumes sobre Pascal e o seu século. Coisas assim. Pensamentos filosóficos, mas, sobretudo, história da filosofia. E também muitas biografias. Outro sinal de fadiga, vês?, o interesse nas biografias.
Fernando Savater: Permite-me uma pergunta que, quiçá, te parecerá algo tola. Se pudesses assinar uma obra das que admiras, apropriando-se dela, qual escolheria?
Emil Cioran: A de algum desses tipos que viveram com esperança uma revolução e logo foram decepcionados por ela.
Fernando Savater: Chamfort, por exemplo?
Emil Cioran: Esse é um exemplo perfeito! Amo esses personagens que viveram a ilusão e a deceção revolucionária, qualquer que seja a sua orientação política. A revolução francesa produziu muitos, naturalmente. São pessoas que por fim tiveram a ocasião de entender.
Fernando Savater: Atualmente diz-se que os intelectuais estão demasiado dependentes dos meios de comunicação, a televisão, etc. Tu mostraste-te relutante a essas seduções, mas não posso negar que agora és muito conhecido. Eu tive o privilégio de encontrar-te quando ainda muito poucos sabiam da tua existência.
Emil Cioran: Então eu não existia! E crê-me, era perfeito. Penso que não é bom para um escritor ser extremamente conhecido. No meu caso, a explicação é muito simples: deve-se ao livro de bolso. Claro, não estou contra o livro de bolso, porque é o que leem os jovens. Desde que apareci em livros de bolso, recebo muitas cartas de jovens, muitas mais do que as que posso responder. Mas o período mais interessante da minha vida, pelo menos para mim, foi quando ninguém me conhecia. Eu ia a jantares, a coquetéis, e as pessoas perguntavam: “Quem será que é este tipo?”. Sabiam que era amigo de Beckett, de Ionesco, etc., mas no fundo não sabiam nada de mim. Agora, já vês… Cansa isso de que te conheçam por inteiro. Mas, enfim, há outras desgraças maiores.
Fernando Savater: Na Espanha e na América Latina atualmente há uma notável polémica em torno da celebração do V centenário do descobrimento da América. Uns dizem que foi um grande acontecimento civilizatório e outros falam das matanças, etc. Achas que se pode celebrar a história?
Emil Cioran: Não, por favor, a história é uma matança! É o mesmo que ocorreu aqui no ano passado, a propósito da revolução francesa. Se alguém ler os grandes estudos abstratos, as teorias, as proclamações da época, muito bem; mas quando se lê as memórias dos que viveram esses acontecimentos, dá-se conta de que foram espantosos. O que é bom para a história é mau para os indivíduos: deve-se ler memórias para compreender isso. Na revolução francesa começou o hábito da denúncia, que os franceses logo conservaram, como se viu durante a II Guerra Mundial.
Fernando Savater: Falando da França, parece que há um percetível declínio da influência da língua francesa frente ao auge do inglês e do espanhol.
Emil Cioran: Sim, é a grande perdedora. Trata-se de uma verdadeira catástrofe. Nota-se, quando os franceses chegaram à Roménia, após a queda de Ceauşescu, para prestar a sua ajuda económica, descobriram que toda a gente sabia falar francês. Sabes porquê? Porque a ditadura comunista manteve-os separados do resto do mundo. Na Roménia sempre houve paixão pela cultura francesa, todos queriam ler em francês e ir à França. Algo quase mórbido! Após a França e a Bélgica, foi o terceiro pais na difusão de livros em francês. A ditadura conservou esse entusiasmo ao separar as pessoas do resto do mundo. Mas agora os mais jovens começam já a aprender inglês. Vês? Isto é a história: o devir do irreparável.
Fernando Savater: Sempre me chamou a atenção que, apesar do teu tom pessimista, os teus livros sempre contêm algo parecido com a alegria, o humor, uma espécie de alacridade na demolição.
Emil Cioran: Sabes porquê? Porque, para mim, escrever é uma terapia, exatamente isso. Escrevi para curar-me. O primeiro livro de minha vida, "Nos Cumes do Desespero" (recentemente apareceu em francês e está em vias de ser traduzido para espanhol), escrevi-o — em romeno, naturalmente — para não me suicidar. Sou filho de um sacerdote ortodoxo e aos vinte e um ou vinte e dois anos de idade, quando acabei os meus estudos em Sibiu, passei por uma crise terrível. Não podia dormir. Acho que a insónia sistemática é algo como um aperitivo do inferno… Passava a noite toda andando pelas ruas dessa preciosa cidade da Transilvânia, entre as prostitutas, minhas companheiras do noturno. Os meus pais estavam desesperados porque não sabiam como isso acabaria e eu não pensava em mais nada além de suicídio. Então escrevi o meu primeiro livro e assim me aliviei um pouco. Mas acho que o que me salvou disso tudo foi ter vindo para França. Se tivesse continuado na Roménia, não creio que haveria conseguido. A minha obsessão era Paris. Viver em Paris e não fazer nada! Consegui uma bolsa por três anos que me permitiu cumprir esse sonho. Vi-me aqui sem profissão, sem trabalho, sem nada, e assim vivi. A única coisa que fiz foi viajar pela França inteira de bicicleta.
Fernando Savater: Falando nisso agora recordo que foste um grande ciclista. Há anos, num programa de rádio sobre o ciclismo na França, entrevistaram-te. Chegaste a competir alguma vez?
Emil Cioran: Não, competir não, mas digo-te que viajei pela França inteira de bicicleta. Durante meses, a Costa Azul, Provença, tudo… Nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, como não tinha dinheiro para hospedar-me em hotéis, parava nos albergues de jovens, que estavam fundamentalmente nas mãos dos católicos e dos comunistas. Assim cheguei a conhecer muito bem as opiniões e a disposição política dos franceses. Verás o que ocorreu, é divertido. Então nomearam o meu amigo Mircea Eliade, agregado cultural em Londres; ao passar por Paris perguntou-me como eu via o ambiente na França diante da guerra que se preparava. Disse-lhe rotundamente que os franceses não lutariam. Eliade comentou isso ao embaixador Romeno em Londres e este comunicou-o aos ingleses. Não o acreditaram, porque tinham enviado um observador, um lorde ou algo assim, que se entrevistou com uns quantos intelectuais em Paris e voltou convencido da reinante disposição bélica. Claro, nem toda a gente tem a sorte de dormir em albergues de jovens, que é a forma de se inteirar das coisas! No final da guerra, recebi um convite para almoçar com o embaixador romeno, o qual não conhecia. Disse-me que os ingleses ficaram muito impressionados com a sua clarividência quando a guerra começou e resultou que os franceses, na realidade, não lutaram. “Mas como é que tu o sabias?”, perguntaram-lhe. E ele respondeu misteriosamente: “Disseram-mo os meus informadores…”. O pobre homem, um funcionário muito medíocre, estava-me muito agradecido porque devia a mim o seu momento de glória em Londres.
Fernando Savater: Pensas voltar à Roménia?
Emil Cioran: Não, nunca. Agora há pouco tentaram levar-me, mas nego-me. Que sentido teria eu voltar para o meu país depois de cinquenta anos de ausência? Todos os que eu conhecia morreram, seria como ir a um cemitério. Agradar-me-ia, isso sim, voltar à minha aldeia natal, Rășinari. Mas fui demasiado feliz nela durante minha infância e não suportaria vê-la outra vez. Agradar-me-ia falar com os camponeses, com as pessoas do campo… O povo romeno é o mais cético que há. É alegre e desesperado ao mesmo tempo. Por razões históricas, cultiva a religião do fracasso. Recordo-me de um tipo na minha infância, um camponês que tinha herdado uma enorme herança. Passava o dia de taberna em taberna, sempre bêbado, acompanhado por um violinista que tocava para ele. Enquanto os demais iam ao campo trabalhar, ele passeava de taberna em taberna, o único homem feliz do mundo. Enquanto ouvia o som do violino eu corria para vê-lo passar, porque me fascinava. Gastou tudo em dois anos e logo morreu. Não, não voltarei à Romênia.
Fernando Savater: É certo que não escreverás nunca mais? Olha que já mo disseste antes muitas vezes…
Emil Cioran: Agora é sério. Naturalmente a expressão alivia, mas eu já escrevi muito. Cinco livros em romeno e dez em francês, é demasiado! Todos escrevem em demasia e eu não quero cair no mesmo vício. Para quê multiplicar os livros? Abdico porque ninguém quer abdicar. Disse-o mais de uma vez publicamente: Já caluniei bastante o universo.
Fernando Savater: Cioran, para quem realmente pensa, não há mais do que dois problemas essenciais na reflexão, os maiores tópicos, os únicos imprescindíveis: o amor e a morte. De um modo ou de outro, tens-te referido muitas vezes a ambos. A estas alturas de tua vida, quando dizes que já que não queres escrever mais, diz-me uma palavra sobre essas questões.
Emil Cioran: A verdade é que eu fui muito um grande amante no tratamento com as prostitutas. As de antigamente, na minha juventude pelo menos, tinham uma espécie de sabedoria, uma experiência da vida que não encontrei em nenhuma outra parte. Eu frequentava-as muito na Roménia e aprendi muito, porque me agradava falar com elas. Bem, não só falar, é claro! Na minha breve temporada como professor de instituto falava aos meus alunos que não queria vê-los pelos bordéis a partir das nove da noite: nesta hora começava o turno dos professores… Certa noite, uma disse-me que o seu marido acabara de morrer. Era jovem, bonita. Disse-me que quando fazia amor com alguém via o cadáver do marido na cama, a seu lado. Deve-se ir aos bordéis para escutar coisas tão profundas! Por mais duvidoso que seja esse romantismo, sempre se aprende algo.
Fernando Savater: Em certas ocasiões, reprovaste o facto da filosofia ocidental ocultar a presença da morte, escamotear o cadáver.
Emil Cioran: É curioso, mas há quem não sinta a obsessão pela morte, a sua permanente tocaia (nt. «acecho» no original). Eu senti-a sempre, em todos os momentos de felicidade. Sobretudo na felicidade. É algo que não impede de viver, todavia que dá um tom distinto à vida. Curiosamente, com a velhice diminui essa obsessão. Marcou sobretudo a minha juventude.
Fernando Savater: Para quem não te conhece, podes aparentar um personagem solitário, egocêntrico, desapegado dos demais. Mas na realidade és uma pessoa muito compassiva, sempre disposta a ajudar os outros, embora não o converta em uma doutrina edificante. Não há um fundo de budismo nesta atitude?
Emil Cioran: Durante muito tempo considerei-me budista. Agora, com a velhice, tornei-me mais superficial, mas o budismo foi para mim a religião. O cristianismo parece-me um conjunto de disparates (nt. «Lo del cristianismo me parecen tonterías»), mas não o budismo… Não necessito de uma religião, mas no caso de necessitá-la seria a budista. Sim, não posso negar que ajudei muita gente. Impedi que muitos se suicidassem, vê tu. Defendi a ideia do suicídio, mas disse-lhes que não há nenhuma pressa… Recordo uma ocasião em que durante três horas passeei pelo Luxemburgo com um engenheiro que queria suicidar-se. Ao fim convenci-o que não o fizesse. Disse-lhe que o importante era haver concebido a ideia, saber-se livre. A ideia do suicídio é a única coisa que faz a vida suportável, todavia há que saber explorá-la, não apressar-se a tirar as consequências. É uma ideia muito útil: deveriam dar cursos sobre ela nos colégios!


Entrevista publicada originalnente no jornal espanhol "El País" de 25 de outubro de 1990. Editada pelo autor deste blogue para português europeu com base numa tradução de Marcelo Rafanelli Rosatti (fonte) e no texto original (fonte)